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Artigos Diversos

Tuesday, March 25, 2008

Resenha

“Pequena Antologia de um Gênio do Sertão” de Nicodemos Pessoa.
Por Isadora Vidal

O autor Nicodemos Pessoa conta brevemente a história do poeta Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré.
Nascido em Serra de Santana, um sítio próximo a Assaré no Ceará, recebeu o apelido graças a um pássaro conhecido por seu canto, a Patativa. Foi também por seu canto que ficou conhecido Patativa do Assaré. Em noventa anos de produção, vários livros foram publicados com obras do poeta, como: “Cante lá que Eu Canto cá – Filosofia de um Trovador Nordestino”, lançado nos anos 70 e que contém uma pequena autobiografia; “Inspiração Nordestina”, de 1956; E “Cantos de Patativa”, de 1966.
Seus poemas foram musicados por artistas como Raimundo Fagner (Cabra da Peste) e Luiz Gonzaga (Triste Partida, 1964) de quem Patativa era um grande admirador. Outro ídolo era o poeta Juvenal Galeno da Costa e Silva (1836 – 1931). O cearense de Fortaleza e autor “Lendas e Canções Populares” (1865) era freqüentemente homenageado por Patativa. Além de musicados, seus versos também foram tema de livros, como o escrito pelo jornalista Assis Ângelo, “O Poeta do Povo – Vida e Obra de Patativa do Assaré”.
As duas grandes musas de seus poemas eram a própria cidade de Assaré, que freqüentemente é citada, e sua filha Ana, que morrera aos seis anos de idade. A morte de Nanã (como costumava chamar a filha) era sua maior tristeza e esta mágoa aparecia comumente em seus versos.
Nicodemos Pessoas retrata esta figura que é, sem dúvida, um dos nomes mais conhecidos da literatura popular brasileira com carinho e admiração. O autor utiliza alguns trechos de poemas de Patativa para ilustrar a matéria e, apesar de falhar ao não detalhar alguns aspectos das informações dadas, como sobre os livros que ele cita, a figura do grande poeta é bem traçada e a imagem do “homem sisudo” e “de poucos sorrisos”, mas que cantava o amor pela sua terra, a tristeza do retirante e sua própria tristeza fica formada na mente do leitor.

PESSOA, Nicodemos. Pequena antologia de um gênio do sertão. Caros Amigos, São Paulo, n. 78, p. 45, julho/2003.

Resenha

“De Guerras e de Correções” de Nicodemos Pessoa.
Por Isadora Vidal

O autor Nicodemos Pessoa traça um paralelo entre um livro de um autor britânico e o trabalho de cordelistas que se utilizam da mesma temática pacifista. O autor britânico em questão é Milan Rai, um pacifista que em seu livro, “Iraque – Plano de Guerra” (lançado pela editora Bertand do Brasil) critica a campanha de propagandas feitas em favor da invasão do Iraque pelos Estados Unidos e as mentiras contadas por George W. Bush e Tony Blair.
Enquanto o livro chegava aos leitores brasileiros, os folhetos de cordel davam conta de transmitir a mesma mensagem na linguagem popular. O poeta pernambucano Francisco Oliveira de Melo, o Oliveira de Panelas, critica também a invasão do Iraque em seu folheto “Bush, Ditador do Mundo. Gigante dos Pés de Barro.” Já os cearenses Geraldo Amâncio e Klévisson Viana criticam os grandes mandantes da guerra, Bush, Blair e Saddam Hussein no folheto “O Conflito do Iraque e os 3 Tiranos da Guerra” (editado em Fortaleza pela Tupynanquim) que também foi gravado pela Rádio Capital no programa apresentado por Assis Ângelo, São Paulo, Capital Nordeste e será lançado em CD.
Outros conflitos como a guerra das Malvinas e os ataques terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos também são lembrados, como mostram os cordéis de Téo Macedo, “O Drama da Guerra das Malvinas” e o de Klévisso Viana e Arievaldo, “O Sangrento Ataque Terrorista que Abalou os EUA”. A guerra também é lembrada quando pacifistas são elogiados, como no caso do folheto de João Dantas, que não é nomeado pelo autor da matéria, mas que homenageia a candidatura do presidente francês Jacques Chirac ao Prêmio Nobel da Paz. O folheto, com capa do xilogravurista Antônio Lucena, foi entregue ao primeiro-ministro francês, Jean-Pierre Raffarin pelo jornalista brasileiro Carlos Marques em Paris.
Pessoa exemplifica os folhetos que cita com trechos de cada um deles, mas não fornece muitas informações sobre os poetas citados. No entanto, nesta matéria, isto não chega a ser um problema, visto que o ponto discutido é exclusivamente a temática de cada um destes cordéis. O autor mostra que temas atuais e mesmo distantes são também utilizados pelos poetas populares e os folhetos nas feiras cumprem, então, um papel jornalístico e informativo.

PESSOA, Nicodemos. De guerras e de correções. Caros Amigos, São Paulo, n. 74, p. 45, maio/2003.

Resenha

“Homenagem aos mestres do repente” de Nicodemos Pessoa.
Por Isadora Vidal

O autor Nicodemos Pessoa faz uma homenagem a dois repentistas: Severino Lourenço da Silva Pinto e Rogaciano Leite.
Severino Pinto, ou Pinto de Monteiro, uma alusão à sua cidade natal, foi considerado por Otacílio Batista na “Antologia ilustrada dos Cantadores” (escrita em parceria com Francisco Linhares, edição da Universidade Federal do Ceará, 1982) o maior repentista de todos os tempos.
Outra antologia, “Literatura de Cordel” (publicada em 1982 com patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil), com apresentação de Gilberto Freyre, traz o encontro entre Pinto e Severino, o Milanês, outro repentista, no cordel intitulado: “Peleja de Pinto com Milanês”.
Rogaciano Leite, de São José do Egito, formou-se em jornalismo, chegou a tentar carreira diplomática e como repórter chegou a ganhar um prêmio Esso. Apesar de seu perfil diferenciado, o de um intelectual, era um poeta popular. Escreveu também letras de músicas, como “Cabelos cor de Prata” em parceria com Silvio Calda, e sonetos publicados em seu livro “Carne e Alma”. Seus temas refletiam principalmente a amargura que sentia em relação à cidade onde nasceu.
O autor exemplifica muito bem as características atribuídas a cada poeta com trechos de obras de cada um deles, no entanto, dá poucas informações sobre os temas abordados por Severino Pinto, citando apenas seu humor extraordinário e sua malícia. Também fornece poucas informações sobre a vida de Rogaciano Leite, não provendo sequer informações sobre o livro do poeta que ele cita (“Carne e Alma”).

PESSOA, Nicodemos. Homenagem aos mestres do repente. Caros Amigos, São Paulo, n. 72, p. 28, março/2003.

RESENHA
“As andanças (algumas) do cangaceiro maior” de Nicodemos Pessoa .
Por Laís Santana

O autor fala a respeito de Virgulino Fereira da Silva, o Lampião.
Lampião nasceu no estado de Pernabuco, quanto à data de seu nascimento há duas: Segundo o “Dicionário do Folclore Brasileiro” de Câmara Cascudo, Lampião nasceu no dia 7 de julho de 1897, porém em um site assinado por sua neta, Vera Ferreira existe uma correção do ano, que seria 1898. Esse mesmo site conta um pouco de sua infância, e diz que Virgulino teve uma vida comum, como a de qualquer criança de sua idade.
Um outro lado da infância de Lampião pode ser encontrado em versos, quase que no estilo cordel, do pernambucano Carlos Pena Filho (1926-1960), nesses versos pode-se perceber certa dificuldade em separar o lampião real de sua lenda.
Câmara Cascudo em seu dicionário escreve um verbete dedicado também a Virgulino. Cid Sabóia de Carvalho, jornalista e ex-senador, na apresentação da nova edição do livro “No tempo de Lampião” diz que atualmente a figura de Lampião é vista de outra forma, segundo ele a população brasileira vê Virgulino como um herói bárbaro protesto.
Sabóia acredita que uma parte da sociedade gostaria de vê-lo no inferno, e outra absorveu Lampião. Um folheto do alagoano José Pacheco mostra “A chegada de Lampião ao inferno”; por outro lado, o também alagoano Rodolfo Coelho Cavalcante opta por não castigá-lo, e escreve “A chegada de Lampião no céu.”.
De uma forma geral, o texto escrito por Nicodemus é bom, pois consegue mostrar o quão importante é a figura de Lampião para a cultura brasileira, se tornando temas de folhetos de cordéis, tendo espaço em livros, como no “Dicionário do Folclore Brasileiro”, de Cascudo e sendo tema de livros, como o do cearense Leonardo Mota. Por outro lado, Nicodemus falha por fazer citações irrelevantes, o que deixou o texto muito superficial em alguns momentos. Outra falha, a meu ver, é a apresentação desordenada dos fatos, o que acaba tornando o texto uma leitura não fluida.

PESSOA, Nicodemos. As andanças (algumas) do cangaceiro maior. Caros Amigos, São Paulo, n. 83, p. 22, fev/2004.