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Thursday, June 05, 2008

Resenha

“Nas ruas da Bahia, dois Atores do Cordel”
Nicodemos Pessoa - por Laís Santana

O autor Nicodemus Pessoa homenageia dois repentistas de renome na Bahia, Rodolfo Coelho Cavalcante e José Gomes.
Coelho Cavalcante (1919-1986), considerado um dos nomes mais marcantes da literatura popular do nordeste, nascido no estado de Alagoas, trabalhou como jornalista, editor e poeta. Teve uma infância conturbada, o pai era alcoólatra e o avô, que foi dono de escravos, tratava-o duramente, fatos estes que o levaram a fugir de casa por diversas vezes.
Em 1934, aos 15 anos, começa uma carreira de viajante e de artista de circo, que iria durar até 1942, quando se iniciou na literatura de cordel. Nas noites do circo, nasceu não apenas o poeta, mas também o misto de ator e camelô que vendia seus próprios folhetos na banca do Mercado Modelo, em Salvador; que anos depois mereceu fotos do grande Pierre Verger, em seu livro “Retratos da Bahia” (1980), e também exaltações em alguns textos de Jorge Amado.
Essas e outras histórias do poeta estão no livro “A presença de Rodolfo Coelho Cavalcante na Moderna Literatura de Cordel”, escrito pelo professor norte-americano Mark J. Curran, da universidade do Arizona.
Nicodemus relata que a antologia de Cavalcante reúne desde homenagens a sua terra natal (Alagoas) e sua terra amada (Bahia) a alguns baianos ilustres, como poeta abolicionista Antônio de Castro Alves e o escultor Caribé.
José Gomes, também conhecido pelo pseudônimo de Cuíca de Santo Amaro, é o outro grande autor de cordel que andou pelas ruas da Bahia, homenageado por Nicodemus. Gomes freqüentemente, aparecia nas ruas vendendo folhetos, com aparência muito especial, muitas vezes vestido de fraque, chapéu e óculos escuros. Assim como Cavalcante é um dos ícones do livro de Pierre Verger.
Gomes escreveu uma variedade de folhetos, neles predomina o retrato jornalístico, principalmente, a descrição de episódios envolvendo políticos baianos, e um dos destaques de sua produção é o folheto “O Testemunho de Getúlio”.
De um modo geral, Nicodemus apresenta com grande admiração e entusiasmo esses dois ícones baianos, apresentando trechos de obras de ambos, no entanto, é extremamente sucinto quando se refere a José Gomes, fornecendo poucas informações a seu respeito.

PESSOA, Nicodemos. Nas ruas da Bahia, dois Atores do Cordel. Caros Amigos, São Paulo, n. 85, p. 44, abr/2004.

Resenha
“São Paulo 450 anos, Homenagens de Cordel”
Nicodemos Pessoa - por Laís Santana

O autor apresenta uma pequena antologia da presença da cidade de São Paulo em páginas dos livretos de cordel, no aniversário de 450 anos da cidade. Os fragmentos utilizados foram, em sua maioria, retirados de dois livros: “A Leitura de Cordel em São Paulo” (1981), de Joseph Maria Luyten, e “Presença de Cordelistas e Cantadores Repentistas em São Paulo” (1996), escrito por Assis Ângelo.
Após apresentar os responsáveis pela coletânea, Nicodemus parte para os repentes. O primeiro é um improviso do violeiro paraibano Sebastião Marinho, em noitada no Brás. Nesse repente, é articulada a variedade culinária nordestina, que esta intrinsecamente adaptada ao cotidiano paulista.
O segundo repente condensa os prazeres etílicos da megalópole, nos versos de Otacílio Batista, conhecido também como o grande Otacílio do Pajeú das Flores.
Os migrantes que escolheram São Paulo como nova morada também estão presentes nos versos de uma dezena de folhetos, principalmente suas alegrias e tristezas. Os folhetos mais conhecidos, dentre tantos, são: “Ilusões de um Nordestino na Capital de São Paulo”, de José Dalvino de Souza; “O Nordestino no Sul”, de Franklin Cerqueira Machado; “O que faz o Nordestino em São Paulo”, de João A. de Barros (também conhecido como Jotabarros); e “São Paulo, a Canaã do Nordeste”, de Bernardino de Sena.
Nicodemos relata que o poeta e xilogravador pernambucano A. Barros, em seu folheto compõe uma seqüência de elogios à cidade, porém, sua visão é exageradamente otimista. O também pernambucano B. de Sena não é muito diferente, no entanto, em sua poesia afirma que a cidade de São Paulo é injusta com os aqueles que não tem emprego. O baiano F. Machado mostra-se mais tolerante (na visão de Nicodemus) com a realidade, em seus versos coloca que, independentemente da origem do indivíduo, a vida na “cidade grande” é difícil em relação ao trabalho.
No fim de seu artigo Nicodemos mostra versos de uma gemedeira (um gênero do repente para os temas engraçados) de Sebastião Marinho com o pernambucano Andorinha. Apresenta também o cordelista Leandro Gomes de Barros, com versos que narram seu lamento por ter deixado sua pequena terra natal no sertão da Paraíba.
Nicodemos Pessoa, relata o modo como a cidade de São Paulo é mencionada nos folhetos de cordéis. Reúne nomes de cordelistas importantes do cenário popular do país, utilizando alguns trechos de versos para ilustrar as distintas relações que esses autores possuem com a “cidade grande”, fornecendo assim, para o leitor um panorama da presença da cidade de São Paulo na literatura de cordel.


PESSOA, Nicodemos. São Paulo 450 anos, Homenagens de Cordel. Caros Amigos, São Paulo, n. 82, p. 45, jan/2004.